O texto é o primeiro de uma série reunida no final do livro Meditação da inocentíssima morte e paixão de N. S. Jesus Cristo, sob o título genérico Trovas que fez o autor pera uns passos da paixão que ordenou de fazer pregando a mesma paixão a que se seguem um Romance espiritual, um Villancico espiritual, um Villancico hecho al Virginal parto de nuestra señora, viniendo muy enhadado por las tierras del Algarve e um Villancico y coplas en nombre de la sacratíssima Virgen nuestra Señroa, aquejandose del amor tal soledad sentía por la ausencia de su vnigénito hijo espues que se apartó della en su asención gloriosa.
Exceptuando o Vilancete todas estas Coplas foram compostas originalmente em castelhano, uma vez que o original português da Meditação, de 1547, é nessa língua que as imprime. A versão castelhana de 1548 permite corrigir a portuguesa que apresenta defeitos formais.
Trata-se de um pequeno texto para ser representado nuns passos da Paixão, pregada pelo mesmo autor. O autor, ou o editor, adverte que o Vilancete há-de ser cantado ao som do motete Fili mi Absalom, eventualmente da autoria de Josquin des Prés.
Narra-se a o percurso da virgem Maria pela rua da Amargura a caminho do Cálvário em busca do seu filho que já sabe sacrificado. Uma vez no Gólgota, procede-se à descida da e cruz e deposição do corpo, levada a cabo por São João, Nicodemo e José de Arimateia. Termina a peça ao som de Miserere mei Deus, cantando em contraponto sobre canto-chão.
Apesar de curto, o texto é acompanhado de indicações precisas de encenação e de cenário, certamente previstos pelo autor.
José Camões
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